A finasterida é provavelmente o remédio mais famoso contra a calvície masculina. Disponível no Brasil para o tratamento da alopecia androgenética desde 1998, o medicamento é muito receitado para conter o avanço da queda de cabelo de causa genética e hormonal e ajudar na recuperação das áreas calvas. Porém, os relatos de efeitos colaterais preocupantes (que fizeram a própria bula da finasterida ser atualizada mais de uma vez) levam muitas pessoas a ter medo do tratamento.

Vamos entender o que é a finasterida, como ela funciona, quais são os riscos e efeitos colaterais (e se é possível evitá-los), qual é o custo-benefício e se vale a pena optar por esse tratamento.

Descoberta da finasterida

A base para a criação do remédio foi uma pesquisa publicada em 1974, que observou uma mutação genética em crianças com quadros de pseudo-hermafroditismo (que tinham genitália ambígua, nem totalmente masculina nem totalmente feminina, mas desenvolveram o padrão masculino normalmente após a puberdade).

Essa mutação fazia com que as crianças tivessem níveis baixos da enzima 5a-redutase (“cinco alfa redutase”), que converte o hormônio testosterona em di-hidrotestosterona (ou DHT – vamos falar mais sobre ele daqui a pouco). As crianças apresentavam próstatas menores que o normal, e também não desenvolviam a calvície masculina.Resultado de imagem para finasterida

A partir desse estudo, o laboratório Merck buscou desenvolver um medicamento que imitasse esse efeito e reduzisse os níveis de DHT no organismo, com a intenção de utilizá-lo para tratar a uma condição chamada hiperplasia prostática benigna, que provoca o aumento do tamanho da próstata e pode causar problemas urinários.

Em 1992 a FDA (Food and Drug Administration, agência que regula a comercialização de medicamentos nos Estados Unidos) aprovou a comercialização da finasterida 5mg (que recebeu o nome comercial de Proscar) para o tratamento da hiperplasia prostática benigna.

Em 1997 a versão de 1mg (que ganhou o nome de Propecia) foi autorizada para o tratamento da alopecia androgenética nos Estados Unidos, e em 1998 a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária, órgão brasileiro de função correspondente à FDA) autorizou a sua comercialização no Brasil.

A patente (direito de exclusividade na fabricação e venda do remédio, para obter lucro e cobrir os custos da pesquisa que o desenvolveu) que o laboratório Merck tinha sobre a finasterida 5mg caiu em junho de 2006, e a da finasterida 1mg venceu em novembro de 2013. Desde então, vários laboratórios desenvolveram versões genéricas dos medicamentos.

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Como a finasterida funciona

A testosterona é considerada o principal hormônio masculino. Ela é produzida principalmente nos testículos, mas também em menores quantidades nos ovários das mulheres, e em ambos os sexos nas glândulas adrenais (ou suprarrenais).

A testosterona tem diversas funções no organismo. Ela promove o desenvolvimento do sistema reprodutor masculino do feto dentro do útero, as mudanças pelas quais os meninos passam durante a puberdade, incentiva o crescimento muscular, a conservação da densidade dos ossos, interfere nos níveis de energia e atividade física, no desejo sexual, na agressividade e em diversos outros aspectos.

Em algumas partes do corpo, como a próstata (que participa da produção do sêmen e da ejaculação, além de poder estar associada ao prazer sexual nos homens) e os folículos capilares (estruturas onde os fios de cabelo são produzidos), cerca de 5% da testosterona corporal é convertida em di-hidrotestosterona, uma espécie de versão mais forte do hormônio (o efeito do DHT pode ser de 2 a 5 vezes mais intenso que o da testosterona).

O DHT é fundamental para a formação do feto masculino (mais importante que a própria testosterona), participa do amadurecimento do sistema sexual dos homens durante a adolescência e regula o funcionamento da próstata, mas não parece ter muita influência sobre o crescimento muscular, a densidade óssea e outros sistemas onde a testosterona interfere.

O problema é que o DHT também pode fazer os cabelos caírem. O hormônio se conecta aos receptores androgênicos presentes nos folículos capilares e faz com que a fase de crescimento do cabelo fique cada vez menor, reduzindo progressivamente o calibre e a atividade dos folículos, podendo chegar ao ponto de fazer com que eles parem completamente. Saiba mais sobre esse processo aqui.

O que a finasterida faz é inibir a ação da enzima 5a-redutase, que faz a conversão da testosterona em DHT. Com isso, os níveis de DHT no organismo são reduzidos, mas não há impacto significativo sobre o nível de testosterona no corpo.

Dutasterida

A finasterida não é o único medicamento capaz de inibir a enzima 5a-redutase. Outro medicamento dessa mesma classe, a dutasterida (produzida pelo laboratório GlaxoSmithKline e vendida com o nome comercial de Avodart) é considerada ainda mais potente que a finasterida.

Isso acontece porque a 5a-redutase se apresenta em algumas “versões” diferentes. Tanto a finasterida quanto a dutasterida parecem ser capazes de interferir na atividade dos tipos 2 e 3 dessa enzima, mas apenas a dutasterida tem eficácia sobre o tipo 1 (que é o mais abundante no couro cabeludo).

Enquanto a finasterida é capaz de reduzir a atividade do DHT no corpo em até 70%, a dutasterida pode reduzir os níveis em até 99% ou mais. Porém, apesar de podermos esperar efeitos mais intensos e prolongados com o uso da dutasterida, os efeitos colaterais (vamos falar deles daqui a pouco) também podem ser bem mais severos.

Por isso a dutasterida, assim como a versão de 5mg da finasterida, só é comercializada atualmente para tratamento da hiperplasia prostática benigna. O seu uso no combate à calvície é considerado off-label (o que a Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária – esclarece que não é necessariamente errado).

Resultados da finasterida

A finasterida é capaz de reduzir a progressão da queda de cabelo (fazer com que a calvície avance mais devagar ou mais tarde que o normal) e permitir que alguns dos folículos que estavam em processo de miniaturização se recuperem, o que pode aumentar o número de fios aparentes e ajudar a preencher melhor as áreas calvas.

Mas é preciso ser realista em relação aos resultados possíveis antes de começar um tratamento com finasterida. Apesar de o medicamento ser eficaz em grande parte dos casos, o paciente provavelmente não vai recuperar todo o cabelo que já perdeu na vida (vários folículos já podem ter sido permanentemente desativados). Além disso, como os fios só crescem em média 1,25 cm por mês, o tratamento demora alguns meses para apresentar efeitos visíveis (o ganho máximo costuma ser atingido depois de dois anos de uso da finasterida).

A finasterida funciona melhor nos casos leves e moderados de calvície, em que queda de cabelo atinge o topo da cabeça (a recuperação em casos de calvície total é improvável). Os resultados não são considerados permanentes: se o tratamento for interrompido, a calvície volta a avançar no ritmo normal e pode atingir os fios que cresceram.

Efeitos colaterais da finasterida

Há diversos efeitos colaterais associados ao uso dessa substância, seja para HBP ou para a perda de cabelo. Os efeitos colaterais mais comuns que ocorrem com o uso da finasterida incluem:

Diminuição do desejo sexual;
► Problemas para obter ou manter uma ereção;
Transtorno de ejaculação;
► Diminuição da quantidade de sêmen liberada durante o sexo;
► Aumento do tamanho e sensibilidade das mamas;
► Erupção cutânea.

Se esses efeitos forem leves, eles podem desaparecer dentro de alguns dias ou algumas semanas. Se eles forem mais graves ou não desaparecem, fale com seu médico ou farmacêutico.

Os efeitos colaterais mais sérios do medicamento põem em dúvida se seu uso é realmente benéfico ou se a finasterida faz mal. Dentre eles, é possível ocorrer:

► Inchaço nos lábios, língua, garganta ou rosto
► Sintomas de depressão;
► Dor no peito;
► Secreção mamilar em homens;
► Dor nos testículos;
► Tonturas severas;
► Incapacidade de urinar;
► Dificuldade para respirar.

Algumas pessoas relatam sonolência, mas estudos comprovam que essa não é uma reação provocada pela finasterida.

Além disso, entre os efeitos colaterais graves podem ocorrer risco aumentado de desenvolvimento de câncer de próstata de alto grau e aumento do risco de câncer de mama masculino.

Vale a pena usar?

Essa é uma decisão que só você e o seu médico podem tomar. O ideal é procurar um bom profissional para fazer uma análise específica e minuciosa do seu quadro, examinar o seu perfil hormonal e pesar os riscos e os benefícios do tratamento.

Apesar de a quantidade de pessoas que manifestam os efeitos colaterais da finasterida ser considerada pequena em diversos estudos, estamos falando de reações que são bastante sérias. Portanto, o ideal é que a sua saúde seja acompanhada de perto por um bom médico durante todo o tratamento, realizando exames periódicos, observando como o seu organismo vai responder e tomando as medidas necessárias para contornar qualquer problema que venha a surgir o mais rápido possível.

Adotando todas essas medidas de segurança e realizando o tratamento de maneira correta e responsável, a finasterida pode se tornar a sua principal arma contra a calvície. Para aumentar ainda mais as chances de sucesso, muitos médicos combinam a finasterida com outros produtos, como os tônicos de minoxidil ou os shampoos de cetoconazol.

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